sábado, 17 de dezembro de 2011

QUANDO FOMOS PARA A CAMA



QUANDO FOMOS PARA A CAMA


Os resíduos de estrela que ficaram entre os seus

cabelos

crocitavam como cascas de amendoins

a estrela cuja luz tu descobriste

há um milhão de anos já

no mesmo instante em que era dado à luz

um diminuto menino chinês.



«Os chinas são os únicos que não temem

os fantasmas

que nos saem da pele todas as noites.»



Lástima é que a estrela

não tivesse sabido fecundar teu seio

e que o pássaro da lamparina de azeite

a bicasse como casca de amendoim

o teu e o meu olhar

deixaram-te no ventre

um signo futuro de luminosa multiplicação.


luis buñuel

poemas , trad. de mário cesariny, arcádia, 1977

Imagem: Otto Mueller, Lovers II


Link:

Sem comentários: