A BALADA DO CAFÉ TRISTE
Comprei-lhe «A Balada do Café Triste»
depois de quase ter passado por ladrão
de livros, mexendo-lhes sem olhar
para eles enquanto rondava de todos
os lados aqueles olhos que se viam
de qualquer ponto da feira, mesmo
se houvesse obstáculos o verde
atravessava-os, o verde tornava tudo
verde entre mim e ela, e no meio
dessa cor unânime a rapariga
era ainda mais. Pouco importa,
leitor, se houve depois alguma história,
entre homem e mulher não se passa
muito mais: uns olhos que de repente
são necessários e pelos quais passamos
por ladrões de livros ou pior.
Nunca li «A Balada do Café Triste».
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THE BALLAD OF THE SAD CAFÉ
I bought the ‘Ballad of the Sad Café’ from her,
after having almost passed as a book
thief, touching books without looking
at them, while I circled from all
sides those eyes that could be spotted
from every place in that book fair, even
if there came any obstacle that colour
green would have come through, green that turned
everything green between me and her and
in the midst of that unanimous colour the girl
stood out even more. It doesn’t matter much,
reader, if afterwards the story went further,
between man and woman not much else
happens: eyes that are suddenly
necessary and may take you for
a book thief or worse.
I’ve never read ‘The Ballad of the Sad Café’.
PEDRO MEXIA in Menos por Menos, 2011
Imagem: Vincent Van Gogh (1853-1890), “Night Café”,
1 comentário:
Um pouco ao estilo do "Infinito Pessoal"...
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