A certa idade, que varia segundo as pessoas mas que se situa por volta dos
quarenta, a vida começa a parecer-nos insípida, lenta, estéril, sem atractivos,
repetitiva, como se cada dia não fosse senão o plágio do anterior. Algo em nós
se apaga: entusiasmo, energia, capacidade de fazer planos, espírito de aventura
ou simplesmente apetite de prazer, de invenção ou de risco. É o momento de
fazer uma paragem, reconsiderar a vida sob todos os seus aspectos e tentar
tirar partido das suas fraquezas. Momento de suprema eleição, pois trata-se, na
realidade, de escolher entre a sabedoria e a estupidez.
Julio Ramón
Ribeyro, in Prosas Apátridas
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